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17 de julho de 2020

Bonfiglio de Oliveira, um dos instrumentistas de sopro que mais tiveram contato com Pixinguinha.

Bonfiglio de Oliveira
Trompetista, contrabaixista e compositor, Bonfiglio de Oliveira (ao lado de Luís Americano) pode ser considerado como um dos instrumentistas de sopro que mais tiveram contato com Pixinguinha, tendo atuado ao lado deste de 1911 a 1940, ano de sua morte.

Bonfiglio nasceu em 27 de setembro de 1894 e iniciou seus estudos com o pai, contrabaixista da Banda Mafra de Guaratinguetá (SP), cidade onde também nasceu. Já tocando trompete, passou a fazer parte desta banda, transferindo-se alguns anos depois para Lorena onde continuou seus estudos. 

Em 1910, após mudar-se para o Rio de Janeiro a convite do maestro Lafaiete Silva (irmão do flautista Patápio Silva) e também a convite deste, passou a integrar a Orquestra do Cinema Ouvidor, dirigida pelo maestro. No Rio, ele travou contato com vários instrumentistas locais, entre os quais Luís de Souza (o mais célebre trompetista carioca) e Alfredo Vianna, pai de Pixinguinha, do qual vira hóspede na famosa “Pensão Vianna”. Também concluiu seus estudos de música no Conservatório Musical, tornando-se professor e músico da Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, sob a regência de Francisco Braga e passou a atuar intensamente como trompetista e contrabaixista em diversos cinemas e teatros cariocas. 

Em decorrência destes percursos, ele iniciou então uma grande amizade com Pixinguinha, com quem tocaria profissionalmente pela primeira vez em 1911 na choperia La Concha, da Lapa, e posteriormente no célebre Grupo do Caxangá. Neste mesmo ano, participou das primeiras gravações comerciais feitas por Pixinguinha, ambos como integrantes do conjunto Choro Carioca, que contava também com Irineu de Almeida, Léo Vianna, Otávio Vianna e Henrique Vianna. Nunca mais deixou de gravar ao lado de Pixinguinha, integrando a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, a Orquestra dos Batutas, o Grupo da Guarda Velha e os Diabos do Céu.

Donga e Pixinguinha (fila de trás, o primeiro e o segundo da esquerda para a direita) e Bonfiglio de Oliveira (fila do meio, o segundo da direita para a esquerda) - Local: Joinville/SC - Data: 07/09/1927 - Acervo: Acervo Sérgio Cabral/MIS-RJ

Como compositor, Bonfiglio de Oliveira é autor de clássicos ainda hoje tocados nas rodas de choro, como "Flamengo", "Amor não se compra", "Alzira" (composta em homenagem a uma prima de Pixinguinha) e o animado "O bom filho à casa torna". 

Este último, tornou-se um hino à alegria nas rodas do "Choro do Jura" que vinham sendo realizadas semanalmente na Cervejaria Viela, localizada à Rua Juramento 202, no Bairro Pompéia e  que permanecem suspensas durante a Pandemia. Mas a saudade anda batendo forte, num chamado de tornar à casa... 
Como dizem os músicos desta roda, que reúne André Milagres (violão de sete cordas), Marcelo Pereira (Sax e Flauta), Rafael Zavagli (Cavaquinho), Rodrigo Magalhães (Contrabaixo Acústico) e Sandra Leão (Pandeiro) apresentando arranjos intensos e dinâmicos: "a Juramento 202 quase ia abaixo quando a gente tocava este Choro e fazer este vídeo fez a saudade apertar ainda mais".
Compartilhem desta saudade com o Choro do Jura que recebe como convidado especial nesta produção, o trompetista Petrus.


Choro do Jura : "O bom filho à casa torna", numa gravação durante a Pandemia.