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29 de fevereiro de 2024

Choro é declarado Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro pelo Iphan.

Músicos associados e a Diretoria do Clube do Choro de BH em evento de difusão do Choro. Foto: Guarah

Instrumentistas em roda, melodia, ritmo e sorrisos. O Choro agora é Patrimônio Cultural do Brasil. Nesta quinta-feira (29), durante a 103ª reunião ordinária, em Brasília, os membros do Conselho Consultivo, órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), aprovaram o registro da manifestação cultural no Livro das Formas de Expressão O Choro torna-se o 53° Patrimônio Cultural Imaterial do país. Diferentemente do material, o patrimônio imaterial não se refere a lugares ou coisas, e sim aos saberes culturais passados de geração a geração, importantes para a criação de uma identidade cultural na sociedade.

O pedido de reconhecimento foi apresentado pelo Clube do Choro de Brasília, pelo Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro, pelo Clube do Choro de Santos e por chorões e choronas de vários cantos do país que, por meio de abaixo-assinados de anuência e demandas diretas em superintendências do Iphan, contribuíram para o registro.

O Clube do Choro de Belo Horizonte, em muito contribuiu para a elaboração dos trabalhos que resultaram neste reconhecimento, sendo inclusive citado na pag. 161 da “Instrução Técnica do Processo de Registro do Choro Como Patrimônio Cultural do Brasil” – Termo de Colaboração 889692/2019 – Acamufec/Iphan:

“No estado de Minas Gerais foram mapeadas duas instituições: o Clube de Choro de Juiz de Fora, que funcionou entre 1997 e 2000, e o Clube do Choro de Belo Horizonte, ainda em atividade. Criado a partir de um movimento organizado pelo conjunto Choro e Cia., o Clube do Choro de Juiz de Fora promoveu, em seus anos de existência, rodas de choro em diversos bares da cidade, para além de eventos com músicos de reconhecimento nacional. O Clube também realizou a gravação de um CD dedicado a compositores naturais da cidade de Juiz de Fora, para além de workshops e cursos. Já o Clube do Choro de Belo Horizonte nasceu a partir de encontros semanais entre músicos amadores e profissionais em rodas de choro no Bar do Bolão, a partir do ano de 1993. Em 31 de maio de 2006, 23 dos participantes regulares dos encontros fundaram uma associação sem fins lucrativos com o propósito de divulgar o choro na cidade. Em seus anos de atividade, o Clube do Choro de Belo Horizonte promoveu, diretamente ou através de parcerias com instituições locais, cerca de 400 apresentações musicais na própria capital e em outras cidades de Minas Gerais.”

Também, nesta publicação, mereceram citações nominais, como colaboradores do processo, os seguintes sócios: José Carlos Corrêa Choairy – Depoimento em 01/07/2021; Marcelo Chiaretti – Ensino de Choro na Fundação Artística; Marcos Flávio – Participante Seminário Ensino de Choro II – 23/11/2020; Paulo Ramos – Participante Seminário Coletivos do Choro IV – 31/05/2021; Raissa Anastásia – Participante Seminário Movimentos Coletivos do Choro II – 19/04/2021; Rodrigo Heringer – Pesquisador/ Entrevistador e Silvio Carlos Silva Costa – Depoimento em 01/07/2021.


Certificado emitido pelo IPHAN ao Presidente do Clube do Choro de BH, Paulo Ramos pela sua participação como palestrante no Seminário Choro Patrimônio Cultural do Brasil.

O presidente do Iphan e do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, Leandro Grass, ressaltou que o Choro está presente em todas as regiões do Brasil e ganha hoje um novo lugar. “Passa a ser objeto da Política do Patrimônio Cultural brasileiro. Nosso compromisso agora é torná-lo ainda mais conhecido e amado, para que possa também ser um instrumento de Educação Patrimonial”, destacou Leandro.

CHORO

De acordo com o parecer técnico que analisou o pedido de registro como Patrimônio Cultural, o Choro é uma prática complexa e diversa, presente em todas as regiões do Brasil e disseminada em outros países. O primeiro antecedente histórico significativo para seus processos de desenvolvimento é o surgimento das atividades de impressão musical a partir da década de 1830, que publicavam os chamados “ramalhetes”, coleções para piano contendo músicas de salão de grande popularidade na época, como valsas, polcas, modinhas e lundus.

Roda de Choro Semana Nacional do Choro 2022 do Clube do Choro de BH _ Foto: Actionbhz

O documento aponta que, com a popularização do piano na vida urbana das capitais brasileiras, o comércio de partituras disseminou uma série de músicas europeias e outras que circulavam no Atlântico, especialmente voltadas para a dança e saraus familiares. Esse repertório se dividia em três categorias: gêneros ligados às diásporas africanas no eixo Brasil-Portugal (como fados, lundus e modinhas); gêneros de danças de salão europeias (como polcas, valsas, schottisches, quadrilhas); e gêneros relacionados às diásporas africanas no eixo da América Espanhola e Europa (a habanera, o tango e a contradança).

O Choro é resultado das transformações e das criações realizadas pelas classes populares urbanas no final do século 19 a partir desses três grandes grupos de repertório. Nesse processo, os músicos brasileiros incorporam instrumentos de tradição portuguesa, como o cavaquinho e o violão, que eram próprios dessas camadas populares. Já o termo “choro” nasce da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras no final do século 19 e seus apreciadores chamavam a manifestação cultural de “música de fazer chorar”.



VIROU PATRIMÔNIO CULTURAL,  E AGORA?

O ritmo musical, genuinamente brasileiro, teve início
 por volta de 1870, quando Joaquim Callado  
lançou a música "Flor Amorosa", no Rio de Janeiro. 
O Choro é uma música de confraternização, de amigos, que pode ser tocada tanto com virtuosidade quanto de forma mais simples e amadora. Essa ideia é primordial para o entendimento do Choro como Patrimônio Cultural do Brasil, pois a política de Patrimônio Imaterial reconhece que essa forma de expressão mantém vínculos de identidade e memória coletivas que vão desde os músicos iniciantes e amadores, aos admiradores e grandes instrumentistas.

A partir de agora, o corpo técnico do Iphan e os detentores do bem cultural, juntos, vão desenvolver políticas públicas para a salvaguarda do Choro, com programas e cursos em escolas públicas, criação de editais para aquisição de instrumentos e promoção das rodas de choro em locais públicos, fortalecendo o desenvolvimento de formas de transmissão.


O Clube do Choro de BH parabeniza a todos os que fizeram parte desse processo e festeja essa memorável conquista.


Fonte consultada: Site Ministério da Cultura (https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/choro-e-reconhecido-como-patrimonio-cultural-do-brasil)