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25 de maio de 2020

O piano popular brasileiro celebra hoje os 123 anos de Tia Amélia.

"Assim, quando se ouve o som atual de Tia Amélia, pode-se dizer que é toda a história do piano popular brasileiro que soa em sua interpretação".
Tia Amélia - Acervo Luiz Antonio de Almeida
Nascida em 25 de maio de 1897, em Jaboatão (PE), Amélia Brandão Néri, a grande pianista, compositora e pesquisadora que passou para a história da Música Popular Brasileira conhecida como Tia Amélia completaria hoje 123 anos.

Filha de um maestro de banda, clarinetista e violonista e de uma pianista, Amélia começou a estudar música com 6 anos e por imposição do pai teve que dedicar-se ao estudo dos clássicos. Aos 12 anos já havia feito sua primeira composição, a valsa "Gratidão". 
Ao casar-se com 17 anos e sob tutela do marido, veio o impedimento de seguir a carreira de pianista, conforme ela pretendia. Por essa época, morou numa fazenda em Jaboatão, onde tocava em festas de amigos e passou a estudar o folclore musical das cercanias da cidade.  A viuvez que lhe chegou aos 25 anos e com três filhos para criar,  fez com ela decidisse ingressar na vida artística profissionalmente, sendo contratada pela Rádio Clube de Pernambuco, onde conheceu o sucesso.

Em 1929 viajou para o Rio de Janeiro a fim de esclarecer uma questão de direitos autorais com a gravadora Odeon, que havia gravado sem sua autorização uma composição de sua autoria. No Rio de Janeiro foi contratada para apresentar-se no Teatro Lírico, onde obteve grande êxito. Foi chamada de "a coqueluche dos cariocas". Com o sucesso de suas apresentações foi convidada a apresentar-se nas Rádios Mayrink Veiga, Sociedade e Clube do Brasil. Pouco depois voltou para o Recife, apresentando-se na Rádio Clube de Pernambuco e realizando pesquisas sobre a música folclórica pelo interior do estado.
Após ter algumas de sua composições gravadas, voltou ao Rio de Janeiro em 1931, atuando em algumas rádios. Em 1933 recebeu convite do Itamarati para realizar uma excursão pelas Américas em companhia da filha e cantora Silene de Andrade, apresentando composições inspiradas no folclore brasileiro. Durante a estadia na Venezuela, foi convidada pelo governo local para permanecer dois anos no país estudando o folclore venezuelano. Recusou o convite e pouco depois, viajou para os Estados Unidos onde foi contratada por uma emissora de rádio de Schenectady onde apresentou-se durante cinco meses patrocinada pela General Eletric. Apresentou-se ainda em New Iork e New Orleans. Em Hollywood foi convidada com a filha a participar em filme da RKO ao lado da orquestra de Rudy Vallee, mas não quis apresentar-se cantando e recusou o convite.

Em 1939 realizou excursão com a filha por quase todo o Brasil. Com o casamento da filha resolveu encerrar a carreira. Apresentou-se ainda uma vez no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e retirou-se da vida artística. 
Amélia Brandão passou a residir no interior paulista, na cidade de Marília, mudando-se depois para Goiânia. Anos depois na casa de sua filha em Goiânia conheceu a cantora Carmélia Alves, que empolgada ao ouvi-la tocar valsas e choros, resolveu convencê-la a voltar a se apresentar. Após 17 anos longe dos palcos, voltou a apresentar-se no Rio de Janeiro e em São Paulo com um repertório de chorinhos de sua autoria e com o nome artístico de Tia Amélia. Apresentou-se na Rádio Nacional, no Clube da Chave e em outros clubes cariocas. Em São Paulo apresentou-se durante três meses na TV Record, na TV Tupi e na TV Paulista.

Tia Amélia - Rio de Janeiro 06-03-1959 - Foto-Arquivo Agencia O Globo
No final dos anos 50 viajou para Pernambuco, onde apresentou-se nas rádios Clube de Pernambuco e Jornal do Comércio em Recife. Nesse período seu maior sucesso foi o programa Velhas Estampas, que esteve no ar durante 14 meses na TV Rio, onde tocava piano, contava histórias dos tempos de juventude e interpretava suas composições. Foi convidada pela Odeon a gravar o LP "Velhas estampas", onde interpretou ao piano uma série de composições suas, entre as quais, "Dois namorados", "Chora, coração", "Sorriso de Bueno" e "Bordões ao luar", esta última com título escolhido pelo poeta Vinícius de Morais, entre outras, contando com o acompanhamento da Banda Vila Rica. Recebeu com o disco o prêmio de melhor solista e compositora do ano.


Em 1960 foi contratada pela TV Tupi do Rio de Janeiro para fazer uma retrospectiva da época áurea do choro brasileiro. No mesmo ano gravou ao piano na RCA Victor os choros "Cuica no choro" e "Bom dia Radamés Gnattali", de sua autoria. Lançou ainda o LP "Músicas da vovó no piano da titia", pela Odeon. Em 1980, aos 83 anos realizou a sua última gravação, pelo selo Marcus Pereira, com o LP "A benção Tia Amélia", interpretando 12 composições inéditas, entre valsas e choros. Na ocasião, recebeu calorosa crítica do jornalista José Ramos Tinhorão, que sobre ela, escreveu: "Assim, quando se ouve o som atual de Tia Amélia, pode-se dizer que é toda a história do piano popular brasileiro que soa em sua interpretação".

Tia Amélia faleceu em 18 de outubro de 1983, em Goiânia, GO. Seu último LP foi gravado em 1980 para o selo Marcus Pereira, intitulado “A benção Tia Amélia”. 


Ouça a seguir, o Álbum completo "Amélia Brandão Nery - A Bênção, Tia Amélia"


01. Choro Serenata 
02. Mosquita 
03.Choro pra minha filha 
04. Parabéns para você, Zé
05. Maestríssimo
06. Bilhete para Arnaldo Rebello
07. Conversando com minha irmã
08. Medalha com G
09. Choro para Fernanda
10. Maria Alice
11. Penazziando
12. Para meus netos, bisnetos e tetraneta