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9 de julho de 2020

O cenário que inspirou Zequinha de Abreu a compor uma valsa memorável.


A cidade paulista Águas de Lindoia, pérola das estâncias, suas águas quentes e terapêuticas, a beleza de seu relevo, seu clima temperado e seco, suas fontes de águas radioativas e puras se transformaram no cenário inspirador de uma belíssima valsa assinada pelo grande compositor paulista, Zequinha de Abreu. Essa paisagem e suas características inspiradoras já eram conhecidas pelos bandeirantes e tropeiros que por estas áreas passavam desde o séc. XVIII. A partir de 1850, quando o café dominava grande parte de nossas exportações, as terras daquela localidade foram retalhadas por fazendas de café. Inúmeras famílias imigrantes europeias, principalmente italianas, vieram trabalhar como colonos nestas áreas de terras férteis e de águas puras e salutares.

Zequinha de Abreu compôs em diversos ritmos, e apesar de ter sido o Choro, o estilo no qual se expressou de forma mais completa, as valsas são profusas em seu repertório e o dispõe entre os melhores autores deste gênero no Brasil. 

Entre 1924 e 1935, trabalhando como pianista e demonstrador na Casa Beethoven, editou 113 músicas para a editora Irmãos Vitale – com quem estabeleceu um contrato para compor ao menos uma por mês, a maioria valsas, embora também houvessem tangos, foxtrotes e outros ritmos. 

Celestino Paraventi, tenor e empresário 
italiano radicado no Brasil.
Entre essas composições figura "Tardes em Lindoia" dedicada à "distinta pianista Senhorinha Diva Vita Pulino". 
A valsa lenta ganhou letra de Pinto Martins e foi gravada pela primeira vez por Celestino Paraventi, em 11 de agosto de 1930 (lançada pela Parlophon em outubro do mesmo ano sob número 13223-A, matriz 3779 e reeditada pela Odeon 11022-A em julho de 1933).
Cantor lírico e benemerente industrial italiano do ramo da torrefação de café radicado no Brasil, Paraventi se apresentava num programa de rádio chamado "Chá no Ar", de Nicolau Tuma, da Rádio Difusora.

Ao longo do tempo,  "Tardes em Lindoia" ganhou outras gravações memoráveis como a realizada em 1962 por Dilermando Reis e Francisco Petrônio no LP "Uma voz e um violão". 

Esta memorável composição nos chega hoje através do jovem instrumentista mineiro Lucas Carvalhais, em recente gravação realizada durante a Pandemia. Ele compartilha conosco este momento e nos brinda com uma bela execução. Apreciem.


Tardes em Lindoia 
( Zequinha de Abreu e Pinto Martins)

Tardes silenciosas em Lindoia 
Quando o sol morre tristonho 
Tardes em que toda a natureza 
Veste-se de um véu de sonho 
Baixo, os arvoredos murmurantes 
Da tênue brisa a um soprar 
Anjinho dos sonhos meus 
Não sabes tu como é sublime contigo sonhar

Longe, lá no horizonte calmo
As nuvens se incendeiam 
Num incêndio de luz 
Vibra e se exalta minh'alma 
Na sensação que a seduz 
Um plangente sino toca 
Chamando à prece a todos
Os que ainda sabem crer 
Então, eu sonho e creio 
Beijar tua linda boca 
Para acalmar o meu sofrer