Juventino Maciel - 03.05.1926 / 01.10.1993 |
"Juventino Maciel, bandolinista e torneiro mecânico (N. 3-5-926 – Campos RJ) Inédito. Admirável a inspiração e o talento desse instrumentista. Compõe com extrema facilidade como provarei em futuras gravações.”
Assim referiu-se Jacob do Bandolim a Juventino Maciel na contra-capa de seu histórico LP Vibrações, onde gravou o choro "Cadência", em 1967, eternizando o nome de Juventino entre os clássicos do gênero. Mas ainda hoje a obra de Juventino continua quase inexplorada. São cerca de 200 composições entre choros, valsas, mazurcas e schottishes que permanecem inéditas.
Juventino Maciel na zona rural do município de Campos dos Goytacazes (RJ), em 3 de maio de 1926. Ainda menino acompanhava o pai, João de Souza Maciel, trabalhador rural, que nos momentos de folga tocava sanfona na região. Na adolescência deixou a baixada campista, mudando-se com a família para o Centro. Aos quinze anos ele já tinha sua carteira profissional registrada, em uma fábrica de tecidos onde trabalhava para ajudar nos sustentos da família. Em 1947, ainda bem jovem, entrou para o grupo regional da primeira emissora de rádio a funcionar no Estado do Rio, a Rádio Cultura de Campos, onde atuou ao cavaquinho até 1954.
Sua produção como compositor foi esplêndida, numerosa e admirada pelos grandes mestres como Jacob do Bandolim e Pixinguinha, compositores que conheceu e conviveu na capital carioca. Como compositor, Juventino Maciel deixou cerca de 200 choros e valsas, a maior parte ainda inédita. Talvez por isto suscite a empolgação e pesquisas como as realizadas por Ricardo Maciel e o violonista Walter Maciel, filho e irmão de Juventino que têm trabalhado no sentido de divulgar e registrar sua obra, tendo inclusive batizado as músicas que o compositor deixou sem nome.
Outra iniciativa totalmente dedicada à obra de Juventino revelou-se no disco de estréia do grupo Regional Carioca. Lançado em 2006 pela Acari Records, este trabalho de jovens músicos mostrou ao público quatorze músicas do compositor, entre as quais a consagrada Cadência, o Choro Mexeriqueiro e a Valsa Choppiniana - essa batizada por Jacob do Bandolim.
Um momento também a ser lembrado foi a ação realizada em 2009 pelo bandolinista Marcílio Lopes que dedicou ao repertório de Juventino o show que montou com um grupo de chorões e professores da Escola Portátil de Música para o Projeto Choro na Barca, no Rio de Janeiro. Durante uma hora de viagem até a Ilha de Paquetá, e tendo como convidados o bandolinista Ricardo Maciel, filho de Juventino e o também bandolinista Pedro Amorim, o grupo ofereceu aos passageiros da barca a chance de ouvir várias composições ainda inéditas de Juventino, além de outras, já presentes nas rodas. O clássico Cadência fechou a apresentação.
E é assim que também fecharemos este post. Sejam bem vindos à bordo. Embarquem na emoção desta belíssima interpretação de Cadência pelo duo formado por Rodrigo Marçal, bandolinista associado ao Clube do Choro de BH e o violonista André Oliveira, em mais um vídeo da Série Entre Janelas.
"Entre Janelas" é um projeto musical criado e produzido por André Oliveira durante a Pandemia do Coronavirus para viabilizar encontros musicais. Os demais vídeos podem ser acessados através de se canal no Youtube.