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7 de março de 2021

Com grande pesar, o Choro e a Seresta de Minas Gerais se despedem da acordeonista Elisa Behrens.

 

Elisa Behrens - Foto: arquivo pessoal

Com grande pesar, o Choro e a Seresta de Minas Gerais se despedem da acordeonista Maria Elisa Andrade Behrens. Ela faleceu em Belo Horizonte e foi sepultada nesse sábado, 6 de março, no Cemitério Bosque da Esperança. Elisa foi associada ao Clube do Choro de Belo Horizonte por muitos anos, onde permanecerá sempre lembrada como grande instrumentista e figura de destaque nos encontros, shows e rodas de Choro.

Mineira de Januária, Elisa Behrens passou a infância em Diamantina. Sua história musical começou naquela cidade, quando aos sete anos de idade foi acompanhar uma colega de escola em uma aula de piano e se encantou pelo instrumento. Desejando também tomar aulas, iniciou ali seus estudos musicais.

Elisa tocando no Bar da Esquina - Janeiro 2001 -
Foto: Arquivo pessoal
Aos 12 anos, já residindo em BH, foi matriculada pela mãe no conceituado Studio Elias Salomé, onde estudou acordeon por 3 anos. Na época, participou do “Bando dos Cariúnas” – conjunto que durante a década de 60 apresentou-se na TV Itacolomi e, posteriormente, na TV Belo Horizonte, no programa conhecido como “Clube do Pererê”. O grupo liderado por Salomé além de participar com frequência de outros eventos, shows e festas infantis em BH, tocava também em clubes e cinemas das cidades do interior do Estado, a convite de famílias locais.

Já adulta Elisa trabalhou como funcionária do Tribunal de Contas. Mas sua carreira musical seguiu com o piano sendo tocado em casa, para seu próprio deleite, mas tendo o acordeon como instrumento principal, admirando e se inspirando em compositores e instrumentistas como Sivuca, Orlando Silveira, Hermeto Paschoal e Dominguinhos.

Nos palcos dos teatros, em bares tradicionais de encontros de compositores e apreciadores da boa música, espaços culturais, festas, bailes e projetos como o “Minas ao Luar”, ela tocava Chorinho, Seresta e MPB.

Elisa Behrens ao lado de Waldir Silva, Silvio Carlos e  Dado Prates,
no Bar do Bolão, o reduto do Choro de BH. Foto: Lilian Macedo
Elisa fez história atuando como integrante ou convidada especial de diversos grupos como “Regional Feitiço da Vila”, “Sarau Brasileiro”, “Sereno da Madrugada”, “Aconchego”, “Regional Arco da Velha”, “Sindicato do Forró”, “Vinicius Tiso e seus violinos” e em inúmeras apresentações do Clube do Choro de Belo Horizonte, do qual foi membro efetivo.

Por onde tocava, ganhava admiradores e ainda rendia história: certa vez ela tocava no bar “Clube da Esquina” quando uma senhora se aproximou e lhe disse: “vi uma mulher tocando no interior, no Minas ao Luar. Eu nunca tinha visto uma mulher no acordeon. Ela é o máximo!” E concluiu perguntando: “A senhora a conhece?”. E Elisa marotamente lhe respondeu: “Eu também tenho muito prazer em conhecê-la”, referindo a si mesma.

Se tocar acordeon lhe rendeu história, tocar também escaleta, instrumento de teclado acionado por ar soprado da boca, lhe trouxe igual destaque. Talvez ela tenha sido a primeira e única mulher a integrar um conjunto de Choro tocando este instrumento. Por ser mais compacto e mais leve para carregar que um acordeon, este lhe permitiu atuar em pequenos grupos musicais que se reuniam em casa ou rodas de Choro com os amigos. Mas evidentemente, sempre causando surpresa às pessoas que não entendem como uma escaleta possa dar certo no Chorinho, um ritmo bem marcado e onde o improviso é fundamental e importante.

Mas Elisa foi assim mesmo: surpreendente. O que não surpreendia os que a conheceram era quando declarava sua relação com a música: “a música é vida, é tudo para mim. Acho que quando eu morrer, minha alma vai subir dando voltas nas linhas de um pentagrama”. Assim desejamos que tenha sido, Elisa!


Lembrando de sua inesquecível passagem pelo Clube do Choro de BH, um registro da estimada Elisa Beherns, ao lado de queridos amigos chorões, em um dos muitos encontros de associados em que se fez presente. Vídeo: Nilson Cota