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4 de dezembro de 2017

Com tristreza, o Choro mineiro se despede do mestre Belini de Andrade.

O compositor e maestro Belini Andrade que deu nova dimensão ao Choro mineiro.

O dom e a genialidade musical do maestro continuavam intactos, como se ainda fosse o menino de oito anos que ganhara o primeiro instrumento do pai: um cavaquinho. Mas ele já contava 97 anos quando, no último sábado (2), ao badalar da hora do Angelus nos sinos de sua amada Abaeté, o mestre Belini Andrade faleceu, nos deixando a saudade e a influência da prática de uma nova escola de chorinho, modificado em sua estrutura melódica e artística. Dessa forma, ele conferiu uma dimensão mais didática e musical, com mais dificuldade de execução e deixou sua marca como mestre, grande compositor e multi-instrumentista.

Influenciado por Pixinguinha, Benedito Lacerda e Luiz Americano, Belini Andrade compôs – mais de 400 chorinhos, divididos em músicas escritas para flauta doce, flauta transversal, saxofone, clarineta e outros instrumentos. Três dessas composições do maestro foram tema da dissertação de mestrado da flautista mineira Marcela Nunes, defendida na Escola de Música da UFMG, em dezembro de 2013. O estudo se chama Choros para flauta de Belini Andrade: um olhar sobre ‘Morena Marta’, ‘Estrambótico’ e ‘Uma flauta doce’. O maestro também foi tema da tese de doutorado "Os Choros de Belini Andrade:estilo composicional e suas implicações na performance musical" defendida em 2016 pelo saxofonista Leonardo Barreto Linhares, também na Escola de Música da UFMG.

O início de sua carreira no Exército se deu quando se alistou com o intuito de tirar a carteira de reservista, que era pré requisito para trabalhar em um banco do qual recebera proposta. Porém, quando o jovem músico se deparou com uma banda com grande variedade de instrumentos encantou-se, e para integrar-se ao grupo de oitenta músicos teve que perder duas patentes e voltar a ser soldado para participar da banda. Ao longo de sua carreira no exército, Belini foi promovido a sargento e transferido para a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ). Posteriormente, foi aprovado no concurso para regente e voltou para Belo Horizonte como tenente e maestro do 12º Regimento de Infantaria. Depois disso, foi promovido a capitão e aposentou-se como major.


A trajetória de Belini Andrade no Choro se mistura com o desenvolvimento do gênero na capital mineira. Além de tocar no exército, o músico tocava em várias orquestras de dança na cidade. Depois que voltou para Abaeté, o maestro fundou a Escola de Música Geraldo Andrade, em homenagem ao pai, e passou a coordenar um grupo vocal de serestas. Ele também deixou sua obra registrada em CDs com o Grupo Flor de Abacate e Lúcia Pereira.
Para sempre, o Choro mineiro terá a marca do mestre Belini.


Programa Estado da Música, Especial Belini Andrade -  apresentado por Acir Antão , atual Presidente do Clube do Choro de BH - Programa exibido no dia 03/10/1996 na REDE MINAS