Mais de 500 verbetes, passando por vários estados brasileiros e diferentes gerações. Esse é o legado do projeto CHORO TIMELINE, uma iniciativa do Instituto Casa do Choro para catalogar as informações dispersas sobre este que é considerado o primeiro gênero musical urbano genuinamente brasileiro. No mês em que se celebra o Dia do Choro (23/04), a novidade abre os trabalhos já no início de abril, anunciando uma programação de shows que atestam a importância e a sobrevivência dessa linguagem instrumental que segue conquistando novos músicos e ouvintes com a sua versatilidade, originalidade e virtuosismo. O lançamento da Choro Timeline aconteceu no dia 05/04, através de um evento online que contou com as participações de Luciana Rabello, Paulo Aragão, Maurício Carrilho, Tomaz Retz, Pedro Paulo Malta, Lysandro Trotta, Marcílio Lopes, Jayme Vignoli, Leonardo Miranda Barão do Pandeiro que integraram, e representaram com suas participações na live, a equipe desse projeto sensacional. Durante a transmissão, eles contaram muitos detalhes sobre o processo de concepção, pesquisa, redação, designer e coordenação do Choro Timeline. (Confira na integra aqui).
Gênero musical popular urbano brasileiro mais antigo em atividade, o choro é uma das expressões vivas da nossa cultura: tocado nas ruas, nos botequins, nas salas de concerto, clubes de choro e universidades em todos os cinco continentes. Do ponto de vista histórico, é também um capítulo fundamental no surgimento da música popular brasileira, entre os séculos 19 e 20. Como reflexo das iniciativas musicais que migraram para o mundo online durante a pandemia, o Instituto Casa do Choro transformou um rico e importante acervo em algo concreto: a história completa, documentada e interativa de um marco importante na trajetória musical brasileira.
“Trata-se de uma história ancestral que nos pertence e precisa ser conhecida pelo grande público”, afirma a cavaquinista e compositora Luciana Rabello, diretora do Instituto Casa do Choro, fundadora da Acari Records (gravadora especializada em choro, em atividade desde 1999), da Escola Portátil de Música (2000) e da Casa do Choro (em 2015). “Uma história que faz parte da nossa identidade e até aqui permanecia dispersa, contada muitas vezes até de maneira informal. O que estamos fazendo é sistematizar essas informações, apresentando-as de maneira leve e convidativa, como num almanaque.”
Ao acessar a Choro Timeline, o usuário pode ir direto a seu assunto de interesse – através de um campo de busca no alto do site – ou então navegar pelo conteúdo, organizado por décadas: de 1830 até o século 21. Em cada período, encontram-se os marcos do choro em seus respectivos anos, além de um vídeo que traz um panorama do gênero musical em diferentes épocas. Detalhes como este foram pormenorizados por Lysandro Trotta e Paulo Aragão, durante o evento online.
Lá estão os feitos de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo e Altamiro Carrilho, entre muitos outros protagonistas do século 20, além de precursores como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Joaquim Callado. E também figuras igualmente fundamentais, ainda que menos conhecidas, como por exemplo os copistas Frederico de Jesus e Cândido Pereira da Silva (o Candinho), em cujos cadernos de partituras sobreviveram choros tocados até os dias atuais.
Manuscritos como os de Frederico e Candinho estão entre as mais de 600 imagens que ilustram a linha do tempo, juntamente com capas de discos, documentos pessoais, fotografias (incluindo raridades) e reproduções de jornais antigos. Nesta última modalidade destaca-se o farto material encontrado na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional (https://memoria.bn.br), fonte fundamental para a coleta das informações que compõem a Choro Timeline. Outras fontes são o site Discografia Brasileira (https://discografiabrasileira.com.br/), de onde saíram as gravações de discos de 78 rotações que estão entre os cerca de 500 arquivos sonoros; os acervos da própria Casa do Choro (https://www.casadochoro.com.br/); da Acari Records; do Instituto Jacob do Bandolim (http://www.jacobdobandolim.com.br/); do Instituto Moreira Salles (https://ims.com.br/); e do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (http://www.mis.rj.gov.br/), além dos acervos pessoais de colaboradores diversos.
Toda a produção de conteúdo foi feita por uma equipe de músicos-pesquisadores formada especialmente para a empreitada, com uma parte deles dedicada exclusivamente à checagem de informações e fontes antes da publicação na plataforma. Agora, a Choro Timeline está disponível para todos os visitantes se aprofundarem na história de um rico gênero musical nacional - e redescobrirem, também, a história cultural do próprio povo brasileiro.
Além do evento de lançamento, a Casa do Choro do Rio de Janeiro abrirá suas portas para uma temporada de shows no Auditório Radamés Gnattali com músicas representativas das diversas fases da história do choro. Confira os detalhes no site https://www.casadochoro.com.br/